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Dona Militana: quem foi, obras e mais

A cantora potiguar Dona Militana.

Dona Militana, nome artístico de Militana Salustino do Nascimento, nasceu em 19 de março de 1925, na cidade de São Gonçalo do Amarante, no estado do Rio Grande do Norte.

Foi uma cantora brasileira, considerada a principal romanceira do Brasil. 

Desde muito jovem, Militana mostrou uma forte conexão com a música e as tradições culturais nordestinas, o que a levou a se tornar uma das vozes mais respeitadas da música popular do Nordeste brasileiro.

História

Dona Militana, nome artístico de Militana Salustino do Nascimento, nasceu em 19 de março de 1925, no município de São Gonçalo do Amarante, no Rio Grande do Norte.

Antes de se tornar conhecida como Dona Militana, ela era chamada por todos de Maria José.

Segundo alguns historiadores, esse nome, pouco conhecido do público, foi escolhido por sua mãe e era como todos a chamavam. 

Sua infância se deu em um ambiente comum na época: a roça. Mas, diferente de muitos, seu trabalho também era embalado pela arte, vinda de seu pai, Atanásio Salustino do Nascimento, mestre de fandango, uma das manifestações culturais mais tradicionais do estado.

Por influência dele, Dona Militana teve contato com a música desde cedo.

Enquanto ajudava na lida da roça, ouvia diariamente seu pai entoar um vasto repertório de canções.

“Meu pai cantava e eu escutava por trás do algodoal, foi assim que aprendi”, afirmou a cantora à Revista Preá, em certa entrevista. 

Militana casou aos 20 anos de idade, tendo sido mãe de 18 filhos, dos quais 11 faleceram. 

O encontro que mudaria a vida de Dona Militana aconteceu em meados de 1991, quando o pesquisador de folclore e professor Deífilo Gurgel, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), chegou até sua casa com a intenção de entrevistar seu pai, Atanásio, renomado mestre de fandango da região.

Ao ser informado de que ele já havia falecido, Deífilio foi surpreendido pelos próprios familiares, que apontaram Dona Militana, até então anônima, como guardiã de um verdadeiro tesouro cultural: romances antigos, herdados da tradição oral, declamados com uma voz potente, forte e cheia de emoção.

A partir desse encontro, Deífilio descobriu que aquela senhora de 66 anos carregava na memória um vasto repertório de Romances Ibéricos e brasileiros, muitos deles praticamente desconhecidos das novas gerações.

Impressionado, ele não só catalogou e registrou suas canções, como também foi responsável por projetar Dona Militana para todo o Brasil, eternizando sua voz, sua memória e sua cultura popular.

A cantora faleceu aos 85 anos, em 19 de junho de 2010, em sua residência, em São Gonçalo do Amarante, onde viveu por toda a vida.

O velório aconteceu pela manhã, em casa, e à tarde no Teatro Municipal da cidade. Seu sepultamento foi no Cemitério Público Municipal de São Gonçalo do Amarante.

Carreira musical

O talento de Dona Militana foi reconhecido gradualmente, tendo se apresentado em várias partes do Brasil, onde foi bem recepcionada, onde as pessoas sempre aplaudiam ela e pediam para que ela cantasse mais, como afirmou em 2009, em entrevista ao jornal “Diário de Natal”.

Seu repertório mistura a música tradicional com toques contemporâneos, sempre mantendo o respeito pelas origens e pela autenticidade das suas raízes culturais.

CD Cantares

Dado seu reconhecimento nacional, em 2002, a cantora lançou o CD “Cantares” em São Paulo e Rio de Janeiro, obra que registra a maioria do acervo da artista. 

Legado e reconhecimento

Dona Militana, além de ser uma artista talentosa, também se tornou uma defensora da cultura nordestina, utilizando sua voz e sua arte para difundir e preservar as tradições do seu estado natal e do Nordeste como um todo.

Sua obra é marcada por letras que falam da vida simples, das alegrias e das dificuldades do povo nordestino, sempre com uma abordagem poética e emocionante.

A potiguar se consagrou como uma das maiores expressões da música nordestina, conquistando prêmios e reconhecimento dentro e fora do Brasil.

Em 2005, o presidente Lula concedeu à Militana a Ordem do Mérito Cultural, considerada a comenda máxima da cultura brasileira. 

Em 2021, o Google, através do Doodle, homenageou os 96 anos de Militana, idade que teria caso tivesse viva. 

Em 2021, o Google dedicou um Doodle para homenagear os 96 anos de Dona Militana.
Em 2021, o Google dedicou um Doodle para homenagear os 96 anos de Dona Militana. Foto: Reprodução/Google

Sua música continua sendo uma fonte de inspiração e uma celebração da riqueza cultural do Rio Grande do Norte e do Nordeste. 

Homenagens

Em 2010, o nome de Dona Militana foi uma das opções cotadas para nomear o novo aeroporto de Natal, que estava sendo construído em São Gonçalo do Amarante, sua cidade natal.

No entanto, ao final, escolheu-se o nome do ex-governador Aluízio Alves.

Outra homenagem é a nomeação como Dona Militana da biblioteca municipal de São Gonçalo do Amarante, vinculando-se definitivamente o nome da cantora com a cultura de sua cidade natal, um reconhecimento de sua trajetória.

A romanceira Dona Militana dá nome à biblioteca municipal de sua cidade natal, São Gonçalo do Amarante,.
A romanceira Dona Militana dá nome à biblioteca municipal de sua cidade natal, São Gonçalo do Amarante. Foto: Reprodução/Internet

Apesar do sucesso, Dona Militana sempre manteve uma relação próxima com suas raízes e com as comunidades onde cresceu.

Ela é uma figura conhecida não apenas pela sua arte, mas também pelo trabalho de preservação e valorização da cultura local..

Dona Militana, com sua trajetória de dedicação à música e à cultura nordestina, é um exemplo de força, talento e autenticidade, sendo uma das vozes mais importantes da música popular brasileira e, especialmente, da música do Rio Grande do Norte.

Atualizado por último em: 27/08/2025 às 19:42

Pedagogo, graduando em Direito, pesquisador das relações de gênero e raciais, e apaixonado por justiça social. Criador do portal Toda Disciplina, onde compartilha conhecimento e debates sobre educação, direitos humanos e cultura.

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