
Paulo Freire: o patrono da educação brasileira
Paulo Reglus Neves Freire (1921–1997) foi um dos maiores educadores do século XX. Pernambu2cano, nascido no Recife, ficou mundialmente conhecido pela sua proposta de alfabetização popular voltada à consciência crítica e à transformação social. Sua principal obra, Pedagogia do Oprimido, é leitura obrigatória em cursos de educação e ciências humanas, sendo considerada uma das mais citadas do mundo na área de educação.
Primeiros anos: da fome ao sonho de educar
Freire nasceu em uma família de classe média, mas enfrentou dificuldades financeiras durante a infância, principalmente após a crise de 1929. Foi nessa fase que começou a perceber como a fome e a pobreza afetavam a capacidade de aprendizagem das crianças, percepção que o acompanharia por toda a vida.
Cursou Direito na Universidade do Recife, mas foi na educação que encontrou sua verdadeira vocação. Em vez dos tribunais, preferiu as salas de aula.
A pedagogia da libertação
Na década de 1960, Paulo Freire começou a colocar em prática seu revolucionário método de alfabetização de adultos, focado no diálogo e na valorização do saber popular. Em 1963, no município de Angicos, no interior do Rio Grande do Norte, um projeto que ficou conhecido como “As 40 horas de Angicos”, que foi coordenado pelo educador, conseguiu alfabetizar mais de 300 trabalhadores rurais em apenas 45 dias.
De acordo com o Instituto Paulo Freire, a metodologia envolvia ensinar os fonemas por meio de palavras que faziam parte do cotidiano dos trabalhadores, como tijolo, enxada, terra, entre outros objetos do cotidiano dos alunos.
O feito ganhou repercussão nacional e internacional. Jornais do mundo todo, como o americano The New York Times, desembarcaram na pequena cidade potiguar para registrar de perto o experimento que desafiava os métodos tradicionais de ensino e mostrava que a educação podia, sim, transformar vidas de forma rápida e profunda.
“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção.” — Paulo Freire
Para ele, educar era um ato político. Mais do que aprender a ler palavras, era preciso “ler o mundo”. O objetivo não era apenas alfabetizar, mas formar sujeitos conscientes, capazes de transformar sua realidade.
Exílio e reconhecimento internacional
Com o golpe militar de 1964, Freire foi preso por “subversão”. Após a prisão, passou 16 anos no exílio. Viveu no Chile, nos EUA e na Suíça, trabalhando com organizações como a UNESCO e o Conselho Mundial de Igrejas.
Nesse período, sua pedagogia se espalhou pelo mundo. Influenciou programas de alfabetização na África, na América Latina e até na Ásia.
Retorno ao Brasil e legado
Freire voltou ao Brasil em 1980 e foi recebido como referência mundial. Atuou como professor na PUC-SP e na Unicamp, e também foi secretário de Educação do município de São Paulo entre 1989 e 1991, durante a gestão de Luiza Erundina.
Mesmo após sua morte, em 1997, seu pensamento continua vivo. Em 2012, foi oficialmente declarado Patrono da Educação Brasileira.
📌 Você sabia?
📚 A obra Pedagogia do Oprimido está entre os livros mais citados nas áreas de ciências humanas em todo o mundo.
🏫 Em diversos países, Paulo Freire é referência em programas de educação popular e formação de professores.
📅 O Dia Nacional da Educação é comemorado no dia 28 de abril, data que reforça os ideais defendidos por ele.
🔎 Saiba mais
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Obras principais:
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Pedagogia do Oprimido (1970)
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Educação como Prática da Liberdade (1967)
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Pedagogia da Esperança (1992)
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A Importância do Ato de Ler (1982)
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Temas centrais na sua obra:
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Consciência crítica
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Educação dialógica
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Libertação por meio do conhecimento
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Relação professor-aluno horizontal
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🧠 Frase marcante
“Ninguém educa ninguém, ninguém se educa sozinho, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo.”
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