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Diferenças entre Candomblé e Umbanda

Ilustração em preto e branco representando um orixá do Candomblé e uma entidade da Umbanda, com elementos espirituais como atabaques e velas.

Quando se fala em religiões afro-brasileiras, logo vêm à mente o Candomblé e a Umbanda, duas crenças de grande popularidade no Brasil. Apesar de serem diferentes, é comum que as pessoas tentem englobá-las como se fossem uma só doutrina, uma só religião. Por isso, para podermos compreender o papel de cada religião é necessário compreender as diferenças entre o Candomblé e a Umbanda.

Pouca gente sabe, mas Candomblé e Umbanda têm muitas diferenças históricas, culturais e religiosas, apesar das semelhanças aparentes. Ambas cultuam orixás, utilizam atabaques, guias e miçangas, mas possuem fundamentos, práticas e visões distintas, que a maioria das pessoas não sabe Para compreender melhor, é essencial conhecer a origem de cada uma.

O surgimento do Candomblé

O Candomblé é uma religião de matriz africana que chegou ao Brasil por meio dos africanos escravizados. Esses povos vinham de diferentes regiões da África e, por isso, tinham formas distintas de cultuar suas divindades. No Brasil, foram organizados por “nações”, como:

  • Kêto (ou Nagô)

  • Jêje

  • Angola/Congo

Apesar da opressão religiosa imposta pelos colonizadores portugueses, os africanos sincretizaram suas práticas com o catolicismo, a fim de manterem sua fé viva. Esse processo resultou na formação do Candomblé afro-brasileiro, com elementos originais africanos e traços de adaptação cultural.

A origem da Umbanda

Já a Umbanda é uma religião genuinamente brasileira, nascida na cidade de São Gonçalo, no Estado do Rio de Janeiro, em 1908, a partir do médium Zélio Fernandino de Moraes e da entidade espiritual Caboclo das Sete Encruzilhadas.

Na imagem, vemos um exemplo de culto na Umbanda é a Festa dos Pretos Velhos, uma celebração dedicada aos espíritos de ancestrais sábios que transmitem ensinamentos e bênçãos aos fiéis. A foto foi registrada em um terreiro localizada em Brasília (DF), em 2017.
Um exemplo de culto na Umbanda é a Festa dos Pretos Velhos, uma celebração dedicada aos espíritos de ancestrais sábios que transmitem ensinamentos e bênçãos aos fiéis. Foto: Reprodução/Flickr

Diferente do Candomblé, a Umbanda surgiu como uma religião que mistura espiritismo kardecista, catolicismo, tradições indígenas e elementos africanos. É uma crença com base no sincretismo religioso, mas com identidade própria, aberta ao público e com forte apelo espiritual e moral.

Entenda as principais diferenças entre o Candomblé e Umbanda

Apesar de alguns pontos em comum, Candomblé e Umbanda apresentam várias diferenças em sua estrutura, cultos e doutrinas. Confira abaixo:

Aspecto Candomblé Umbanda
Origem De matriz africana, trazida ao Brasil por africanos escravizados. Genuinamente brasileira, criada em 1908 por Zélio Fernandino de Moraes.
Entidades cultuadas Apenas orixás. Orixás e entidades espirituais (caboclos, pretos-velhos, crianças etc.).
Incorporação O orixá se manifesta no iniciado (transe de possessão da divindade). Entidades espirituais se manifestam no médium (transe mediúnico).
Sacrifício de animais Presente nos rituais (sacralização). Não há sacrifício de animais.
Língua dos cânticos Em línguas africanas (ex: iorubá, bantu), conforme a nação da casa. Em português, com pontos cantados populares.
Liderança religiosa Babalorixá (homem), Iyalorixá (mulher) ou Babalaô. Pai/Mãe de Santo, Dirigente, Pai/Mãe de Terreiro.
Número de orixás cultuados Pode chegar a 72, dependendo da casa. Tradicionalmente trabalha com 9 orixás principais.
Influências religiosas Africanas, com traços do catolicismo por sincretismo histórico. Espírita, católica, indígena e africana.
Ritualística Mais rígida, com iniciações, segredos e ritos fechados. Mais acessível e aberta ao público.

🔍 Leia também: Conheça a Jurema Sagrada, uma tradição espiritual brasileira com raízes indígenas e afro-brasileiras, que também integra o rico universo das religiões de matriz ancestral no Brasil.

Pedagogo, graduando em Direito, pesquisador das relações de gênero e raciais, e apaixonado por justiça social. Criador do portal Toda Disciplina, onde compartilha conhecimento e debates sobre educação, direitos humanos e cultura.

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